domingo, julho 17, 2005

7 pedras

A neve caío e pousou sobre todo o monte, derrepente tudo se tornára branco, num cenário que parecia calmo, onde o fundo fora coberto e nada havia à superficie sem este branco húmido, de gelo formado, rijo e de dificil quebra, que protegia como uma carapaça de tartaruga, que traz um peso morto frágil e mole por dentro...
Por quanto tempo dura o gelo, até que o Sol se erga e volte a quebrar o manto, que tanto vos protege do vosso próprio medo, de vós...
Que a vossa escuridão vos apodrece aos poucos e cada vez mais o fundo se torna a merda que perseguem e tentam tapar, até quando irá nevar...?
Que numa avalanche se quebre o segredo e se soltem gritos que vos calam, que o ceu seja espelho de vós próprios e refletor de vossa inanimagem, que sete pedras caiam e vos abram a moleira para que se solte de vez o cego...

sexta-feira, julho 15, 2005

Corpos e Danças

Que se movem todos numa linha recta continua, todos em frente, em frente, marchar, marchar...
Numa continua disputa, onde todos se marginalizam mutuamente por apontarem o diferente, dizem que não se enquadram, que não são normais, que são de outras vidas menos puras, como uma prostituta que vende o corpo na avenida, dizem que já não têm saida, desta vida, desta vida
Sentem-se diferentes, bons e felizes, são autoritários e donos do próprio umbigo, não vêm que é castigo, que tudo se torna em castigo, por serem um na dança de corpos já pre-estabelecida, que é a vida, são uns tolos, por pensarem que mandam e agem como querem, não percebem que estão demasiado interiorizados, domesticados no "bem comum" que os mancha com tintas e traços tão bem defenidos.
Falem-me de ditaduras, quando desconhecem que a maior é aquela que vos abrange, que vos molda um a um por um a um que a moldem, por simpatia ou empatia, não interessa isso nada, seguem todos a mesma estrada, as mesmas modas, as mesmas vidas, e dizem não as saber mudar. Solta-se uma gargalhada de ironia contida, são uns tolos, coitadinhos sem culpa de seus paços, são uns tolos já sem vida, fantoches de cabeça erguida, que nariz tão bem empinado, que palhaços devoradores de criancinhas, vamos ao circo...
Vamos ao circo.

quinta-feira, julho 14, 2005

"Eu sou do tamanho do que vejo...
E não do tamanho de minha altura."

F.Pessoa

terça-feira, julho 12, 2005

Do Lado Lunar





O mal vem de dentro jardado com a força do vento, e é em ti que ele actua ao mesmo tempo que no teu amor se apazigua.
Em todo o caso desespéro...
Que não é problema teu, e muito menos detens a culpa, mas que com força quero que saibas lutar,
lidar,
com quem sou, que a culpa não é também minha, mas nos meus medos se espelha por saber de onde deriva o eco de um pensamento menos puro. Talvez por ser um louco, ou por saber ver com outros olhos as pontas soltas, formas de mato seco, que depois de não atadas ardem em chama intensa, mas não de paixão, que cega por deixar negra a paisagem e o ar irrespirável, num sufoco, num inverso da tela actual... por certas coisas me fazerem lembrar os gritos que me souberam calar os sonhos na era das tempestades no vacuo.
Não é culpa tua, nem te revejo nestas artes, por uma consciencia frágil da tua sinceridade, mas compete ao meu passado o erguer de barreiras, o lembrar de quedas que num sopro de pensamentos ocorrem sem porquês.
Suponho-me num não saber voltar a cair, e daí vem sem minha permissão lágrima a lágrima quando o ar fica rarefeito por haver um nó na garganta, que simultaneamente me impede de te exigir o cortar de raizes, assim como impede de prosseguir com tais fronteiras.
Sempre me disseram que penso de mais, sempre todos proferiram tais palavras, mas nunca soube como explicar, talvez nunca o consiga. É pena conseguirmos guardar o nosso fundo dos outros, porque é o fundo que busco em cada actuar, neste teatro de plateia cheia, onde a todos passou ao lado a mensagem.
De que me serve ocultar-te o meu fundo se assim aprendes a não magoar, para que peses na balança se queres ou não ficar, para que me saibas acalmar.
É de ti que tem que partir a acção que determina qualquer opção, independente dos efeitos que reproduz em mim, cabe-te o amar.

Sobre o Fundo

domingo, julho 10, 2005

Facas em Sangue

Vivia na temperatura tépida dos lençóis
Aquele que dava pelo estranho nome
De Amor. Às vezes soltava-se
E percorria pela mão
Dos adolescentes ruas desertas, sombras
Escuras e conspiradoras - soltou-se
O Amor - alguém gritava.
E vinha o vermelho e invadia o vermelho
E assanhavam-se os gatos conscientes
Da invasão da sua noite
Solitária. Depois apagava-se
A última luz da última janela e desaparecia
O Amor na tépidez dos lençóis.
Ficava a lua, ficava
O luar azul a reflectir perigosamente
Nas lâminas ensaguentadas
Dos adolescentes...


Mão Morta - Facas em Sangue

sábado, julho 09, 2005

Complexo

Centrifugadora de cubos de gelo que espelham ideias minhas, cubos ja meio derretidos que por força da lógica se misturam e se tornam água a altas temperaturas, que amorna
que amorda.
Em cada gota um mil e um gestos e olhares semi-secretos,
semi-olhados
um mil e um
desgostos vividos e marcados que se misturam numa balburdia de denso,
perco o senso
e os sentidos na turbilhão
que vai onda
onda vem
vai onda
onda vem
vai onda
onda vai
pelo mar dentro se misturar com outras
AMO-TE
cada vez mais e mais e mais e mais
cada vez mais
bate na proa
bate e voa
bate no cais
no paradão
e fura
passa mar e invade qualquer terra
insegura
numa relação de elementos basicos
em caos
em caos equilibrado
guardado num saco roto
de tantas vezes
não usado
num perpetuo movimento do bater
do coração
da cabeça no chão
num mundo onde se habita
por amor
ao complexo

quinta-feira, julho 07, 2005

A Porta




De porta aberta como eu não pensava, em 7 segundos 7 anos foram de mera remeniscência de uma outra vida que não esta, de um caminho tomado por outrem que veio parar em mim, no agora, onde em meros segundos nasce a felicidade e cresce com o passar do tempo que em tantos anos optara por rumos dispersos. Recordar, não será mais que um inesquecivel, pela negativa, somente pela negativa nunca se esquece, que se havia tornado de criança onde o puro era sonho, para depois ser pesadelo em adolescente, em 7 segundos à 7anos só, por uma porta de entrada sem saida, de um querer sem razão, de uma luta em vão, de um longo mergulhar na depressão que nunca fizeram alguem perceber o porque desta escuridão.
7 anos não são uma vida, mas são donos de uma maneira de viver que agora reencontra o seu ponto de partida, deixando a porta aberta, mas desta vez sem confusão.
A frase certa seria " ainda me trocas os passos quando te vejo passar ", mas não mais que isso, nada mais há para te retirar, para recear, vou apenas fazer disto um modo de terminar esta transformação. Que a vida reservou-me um canto num colo meigo, de um fugaz e puro amor onde a quero abraçar.
Quanto à porta, deixo-a aberta para que desta vez possas sair caso te lembres de querer entrar...
Foi tempo demais, e talvez fossemos crianças, foi tempo demais já não sendo criança, foi tempo demais para que saiba sequer o que te possa dizer. Talvez à 7anos soubesse querer um porque, falar de um motivo nunca percebido, talvez à 7anos a vida podesse ter dado outra vida, que não se tivesse tornado nesta alergia que me fez coçar ate sangrar, onde não sobrou carne ou osso ou alma, não sobrou nada mais para infectar na altura.
Agora rir de porta aberta as infecções, rir de mim e de ti, de 7 anos passados sem que um "olá" marcasse um passar, rir de outras caras ao ver a tua, acima de tudo rir, que chorar não valeu a pena.
Bem vinda à porta.

terça-feira, julho 05, 2005

Cada momento teu

Cada momento que vai passando urge da espontaneadade e é vivido com tamanho deslumbrar, que não mais sei destinguir o real do sonho, deixou de haver um poço no meio onde sempre se cai quando se acorda. Tudo isto assemelha-se a uma história de encantar com um final feliz, diferenciando-se apenas no final, que simplesmente não tem existencia nesta história, é um prazer continuo de trazer um sorriso no peito, e o segredo do teu cheiro.
E cada momento menos bom, é só mais um momento para que o seguinte tempo seja o melhor de sempre, e sempre melhor vai o tempo passando, que em tão pouco tempo já guarda tantos momentos para relembrar.
Entro numa dimensão ainda impossivel de representar por palavras, num afluir de sentimentos indisiveis.
Em tempos escrevi um texto aqui de titulo "Sonhar" ( http://sempressas.blogspot.com/2005/03/sonhar.html ) em que o sonho trazia a realidade e esta era não mais que o querer sonhar, agora a realidade traz o sonho e este não é mais do que te amar

domingo, julho 03, 2005

A Praia

Pelo que sei do amor
é um barco que não encalha
e uma lua de côr jamais vista
numa praia de sons inspiradores
onde se encontram poetas por entre pescadores.

Pelo que sei do amor
a areia torna-se sempre mais fina
sujeita às pegadas de magia
é numa praia um farol abandonado
onde crescem as flores e se esquece o passado.

Pelo que sei do amor
é uma lugar sem pecado
um sorriso de uns olhos quentes
e uma grande pedra em bocados
onde o mar vai batendo e nos leva alados.

Pelo que sei do amor
é o que me contou uma gaivota
que ousou por uma vez pousar
e juntar a lua ao mar neste lugar


* postado em http://embocados.blogspot.com
em 26/06/2005

Corta Rosas




Corta...
Rosas e tudo o que se lhes prende,
Aprende...
Jamais percas a frente.

Eu era sem qualquer margem para duvidas outro, mas só parcialmente, uma vida presa, demasiada presa ao passado sem volta, às voltas, às voltas noite após noite, na cama, no drama. Depressão em cada dia, melancolia sempre presente em cada movimento, em cada olhar presente a tristeza, em cada pensamento a angustia de me levar e me deixar morrer aos poucos, em bocados.
O tempo foi passando e a cada medida eu perdia peso, leve, leve, já nada sentia senão sentir-me oco, fui-me deixando levar como se eu de mim ja não se tratasse, desligado de todos os prazeres e sem objectivos, um simples deixar andar até cair, até não haver mais por onde perder, só ser rotinado em queda, só ser só. Deixa-te de merdas com as fugas que fazes a isto que sempre lá vais parar, deixa-te de merdas por ti, que não nos serve esconder e mostrar que está tudo bem, nem o contrário, não há nada que nos sirva.
Tudo isto dói, cá dentro dói quando se toca, embora tudo agora tenha mudado e haja a luz do dia, o querer amanhecer para gritar bom dia, a força voltou e tudo o resto já há muito perdido, o meu eu, só meu e não só, o querer um futuro, o sonhar, o construir da linha da vida com velhos e novos objectivos, o voltar a sentir cada um dos pontos dos corpos, e dos corpos celestes em cada ponto do céu vasto. Porque tu és a personalização de tudo isto embora inconsciente, por não saberes o quanto me vales e o quanto amo o que és, quem me fazes ser e o que me trazes, porque a cada momento teu nasce um momento meu e uma nova fonte de nós, cada vez mais nós que se atam e auto-recriam...
Gostaria de jamais voltar a ser quem fui ao longo dos ultimos anos e poder mostrar quem realmente sou no amor, nos amigos e nas palavras que por aqui irei escrever, que esta etapa que atravesso seja continua e contraditóriamente intemporál, que os baixos nunca voltem a enterrar altos da vida, meus, nossos e vossos.
O titulo do post devesse à explicação do nick SlashRose.

Que o tempo vá passando, não em volta, mas em Bocados.

Amo-te Sofia





Postado em 22/06/2005 em
http://embocados.blogspot.com