terça-feira, setembro 13, 2005

Estar Presente

Demencia é quando se perde o fio condutor e nos levam a passear por mãos incertas, mas tão incertas que se desconhece que são as nossas, levam-nos num ápice por um rasgo e atinge-se rapidamente o estonteante, surgem nervos, dizemos demais e depois não o podemos mais, ou jamais porque o tempo passa, denegrimos nomes que são os nossos, porque nos sabemos loucos. O pior é que nos sabemos loucos...
Chego, entro e sento-me, mas depressa me deito porque me cansa o peso, são meras horas.
Por vezes não chego porque fico a ver o bater das ondas nos teus braços, depois já é tarde e chego atrasado, mas atrasado para que coisa? Ainda antes de partir reparo mais uma vez que até aqui a Lua está presente, mas só a meio, que teve enorme esforço em se fazer notar com o Sol ainda vivo.
Já é meio noite, meio dia, e entretando fui outra vez roubado por uma tal de Demencia.
Constancia Demente já é da familia, e passem dez horas ou dez dias ela será sempre a mesma, não há como fazer-lhe frente, está contida e é implodida frequentemente. Que olhar tão estranho deitas, que se passa?
Estes próximos tempos vão ser ou bons ou maus, mas isso qualquer um diria...
Nestes próximos dias vou saber o que quero saber, e simultaneamente mando-me para um poço para ver se me chamas, se constantemente me tentas salvar, se vais estar presente, não no poço, mas presente.
Vou querer saber se aguentas e se passamos pelo que houver pela frente, porque os próximos rumos vão ser amargos e preciso que me toques e me digas que estou Demente, que me agarres quando estiver a perder o equilibrio e que me grites palavras meigas pela frente...

1 comentário:

Joanne disse...

Adorei o texto tem passagens fantásticas, bastante sofrido, muito bonito.
continua

Abraço