Gosto de encher os dias a passear de chapéu aberto enquanto caem pingas em toda a parte, quando não sou perturbado pelo brilho de um Sol falso, perder a luz de um viver,
Falso,
mas sim por um brilho da água e dos reflexos da mesma.
Gosto de um guarda-chuva que me cubra, de ouvir as gotas a bater no tecido plastificado, conto-me a vida toda enquanto batem as gotas. Isolo-me do mundo e das caras frias que passam, penso-me, conheço-me, entristeço-me e amo-o... a dor, a raiva, a mágoa, a raiva, num eco... Adoçam-nos os momentos menos baixos da vida, entristeço-me de bom grado, faço o meu próprio pranto, sufoco-me, amo-me até à exaustão.
Vem...
Por muito que o tempo mude, que se voltem as voltas, que nos cubra outro tempo, que me encontre lá por outro lado, eu não me mostro a ninguém que não eu. A veia já foi mais disponível para este sangue, o chuto já foi melhor, a ressaca já foi o hábito de outros tempos em que haviam outros habitos, a alegoria chegára depois... Pensava que vinhas a este lugar conhece-lo, pensava poderes reconstruir este espaço de novo, a chuva caia na altura em que menos bem pensava. O seu corte oblíquo sobre todas as coisas as vezes surge como facas na carne, o rasgo e o sentir frio, o escorrer pelo corpo como o suor dos momentos íntimos, e na cara por vezes a mistura de outras quedas, por vezes só as quedas diferentes da textura da chuva.
1 comentário:
Eu cá prefiro a textura da tua pele nos meus dedos... Amo-te!
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